Segurança: é hora de abrir os olhos e deixar a ideologia de lado
Para o olhar estrangeiro, é difícil entender o porquê da violência no Brasil. Chega a ser penoso constatar que as urbes brasileiras vivem sitiadas, não por militares estrangeiros, mas por um cinturão de periferias assustadoras (e assustadas, por sua vez, pelo crime organizado). Milhares de quilômetros de cercas elétricas e paredes altas separam o brasileiro da via pública, o único espaço onde a cidadania se exerce. Nos subúrbios, milhões vivem direta ou indiretamente sob a jurisdição do tribunal do crime, nem registram boletins de ocorrência: procuram a justiça da facção local, por ser ágil e severa. E custa conformar-se a ver o Brasil estancado e sem perspectiva nenhuma de resolver o problema da insegurança. A nação cisma em errar no básico, que é garantir a ordem em todos os pontos do território. Nessas condições, como cuidar do resto, ou seja, do que realmente importa em um país decente: educação, saúde, emprego e direitos humanos? Sem segurança, a Constituição de 1988 e sua longa lista de direitos permanecerão letra morta. Li por esses dias que o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) estima que um em cada cinco alunos cariocas perdeu aulas neste ano por causa de tiroteios no entorno da escola.
Esse era meu estado de espírito quando me propus a entrevistar o General Escoto. Imaginava que encontraria um profissional de altíssimo conhecimento na área de operações especiais – ele foi comandante da Brigada de Infantaria Paraquedista e fez inúmeras operações na Amazônia e na tríplice fronteira oeste, combatendo o tráfico de drogas e defendendo a soberania nacional. Sabia que o general tinha grande interesse pelo papel social do soldado e que havia se destacado na pacificação do Complexo da Maré, um sem-fim de favelas cujos 100 mil habitantes se frustram há décadas com o poder público.
Deparei-me com isso e bem mais ao longo das quase quatro horas que durou o encontro, em uma tarde quente e seca, típica de Brasília em junho. Encontrei lucidez e visão. Dois conceitos fundamentais para o exercício da liderança, ocorra ela dentro ou fora do âmbito estatal. Duas palavras mágicas que constam nos folhetos dos MBAs, mas que a meu ver não podem ser adquiridas, apenas cultivadas nas instituições que procuram criar líderes, e não burocratas sem brilho.
Primeiro vem a lucidez. O general faz um diagnóstico sem rodeios do quadro da segurança pública no Brasil e especialmente no Rio de Janeiro, que foi palco de várias intervenções federais protagonizadas pelo exército e pela força nacional. O veterano paraquedista tem nítido que os traficantes usam técnicas de guerrilha ao confrontar o poder público: emboscadas, grande agilidade na hora de atacar e de se esconder no meio de civis e uso de populares como mulas para transportar armas e drogas.
Contando com o diagnóstico certo, fica mais fácil traçar uma estratégia e formular uma visão. O General Escoto identifica claramente o narcotráfico como a maior ameaça à segurança do Brasil e da América Latina. Vê no crime organizado um adversário feroz ao Estado de Direito e à democracia. Dito de outra maneira: a soberania do povo fica entre parênteses quando um cartel manda e desmanda em uma faixa de fronteira, em um corredor rodoviário por onde se escoa droga ou dentro de um terminal portuário.
Visão é sinônimo de ambição, na maioria das vezes. O meu interlocutor enxerga o país como uma potência regional, uma nação que deve se interessar por tudo o que acontece em seu entorno. Lamenta a ausência do Brasil no processo de paz da Colômbia: o papel de mediador recaiu sobre os ombros de Cuba. Não vê possibilidade de protagonismo para o Brasil em conflitos distantes como os do Oriente Médio, já que a economia nacional não consegue custear incursões em assuntos e territórios tão remotos e complexos.
Minhas primeiras perguntas ao general foram sobre a situação no Rio de Janeiro. Quis entender o que deu errado para que a cidade regredisse a uma situação igual ou talvez pior do que aquela que reinava antes da Copa do Mundo. E, dos morros e comunidades cariocas, a discussão nos levou naturalmente à questão do narcotráfico e do entorno regional do Brasil, marcado pela desmobilização das FARC na Colômbia e pela crescente ameaça do crime organizado ao Estado de Direito na América Latina.
A pacificação amputada
ManuMilitari: Por que o poder público fluminense perdeu o controle dos Complexos do Alemão e da Maré, entre outras favelas?
General Roberto Escoto: Foi um processo cumulativo que remonta, talvez, aos anos 1980. Na época, o governo Brizola pediu à polícia militar para abrir mão de atuar nos morros. Buscava-se apaziguar os ânimos em prol de votos assegurados. A partir daí, as favelas se transformaram gradativamente em territórios fora do alcance do estado.
A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) também não soube resolver seus problemas crônicos de corrupção. E sem dúvida nenhuma essa corporação sofre de falhas graves na maneira de atuar. Problemas de salários e equipamentos se juntam para piorar a efetividade da força pública no RJ.
Você tem que saber que o que aconteceu no Rio de Janeiro – o pedido para que o Exército interviesse – é inimaginável em São Paulo, por exemplo. A polícia paulista nunca aceitaria ceder o terreno a uma força federal, pelo mero fato de que ela não se permite chegar à situação que imperou e ainda impera em partes do Rio.
MM: O papel do exército no Rio de Janeiro foi exemplar e seus resultados foram celebrados por todos como positivos. Qual sua avaliação da ação militar?
Escoto: Eu diria que a atuação do Exército na Maré foi um sucesso. Sucesso total na parte militar. Sucesso relativo na parte civil ou político-administrativa. Foi uma ação de contrainsurgência e toda ação desse tipo começa com um componente militar forte, mas ela depende também, para vingar, de uma série de ações governamentais. Foi aí que os governadores estaduais falharam.
Fui o primeiro comandante da Força de Pacificação da Maré. Vi com meus próprios olhos o estado de deterioração em que achamos esse complexo de favelas. Parecia Bagdá. Carcaças de carros e caminhões espalhadas nas vielas, muita sujeira em todo canto, crianças jogando pedras de um lado para o outro da linha divisória que separa os territórios de cada gangue etc.
Na Maré, vimos como o tráfico fazia com que montanhas de lixo orgânico se acumulassem na via pública. Simplesmente, proibiam os garis de trabalhar. O resultado final desejado era impedir a mobilidade das viaturas da força pública.
Anos de abandono pelo poder público municipal e estadual transformaram a região numa zona de exclusão de fato. O estado estava proibido de entrar lá.
O trabalho do Exército Brasileiro, tanto na Maré como no Alemão, foi reconhecido até no exterior. Nos meus contatos com militares americanos, senti muita admiração e curiosidade pelo que realizamos nas favelas. Realizar operação de contrainsurgência dentro do seu território representa um desafio muito maior do que reestabelecer a ordem no exterior. Lidar com a própria população é um exercício bem mais complexo, no sentido de que a pressão da opinião pública é maior. Uma bala perdida ou um acidente de trânsito envolvendo civis e militares ocuparia as manchetes se acontecesse em casa, enquanto teria uma repercussão menor se ocorresse na Bósnia ou no Máli.
MM: O que deu errado, então?
Escoto: A vocação da intervenção do Exército na pacificação é de curta duração. Para botar ordem na casa. É resgatar a credibilidade do estado. Entregar o local de novo para a polícia e o governo do estado. Cabe ao poder político mudar a realidade daquelas comunidades com saúde, limpeza, educação etc.
No Haiti, a ONU, além de mandar forças militares, instalava uma estrutura de governo civil. Não adianta ocupar o terreno e reestabelecer a segurança se os outros problemas da população são ignorados. Alguém tem que cuidar da higiene, da saúde, da educação, do emprego, do transporte público etc.
O maior erro na Maré, e no Rio de Janeiro de maneira geral, é a falta completa de uma estrutura de governo ad hoc focada 100% e 24/7 na pacificação. Refiro-me a uma organização político-administrativa especializada em uma região determinada: Maré, Rocinha, Alemão etc. Pela intensidade do esforço necessário para reverter décadas de descaso, a vocação desse organismo é durar o tempo da pacificação e se dissolver no dia em que a região pacificada virar um bairro a mais do município. Durante a vida útil desse organismo, não se pode diluir sua atenção atendendo a mais de uma área geográfica ao mesmo tempo. Essa estrutura há de ter predominantemente caráter civil e reportar ao governo do estado.
MM: O exército permaneceu na Maré por 14 meses. Qual foi a política seguida? Que novidades trouxe, em relação à atuação da PM?
Escoto: Não há mil maneiras de pacificar. O único jeito de reocupar um território e trazer a segurança de volta é patrulhar a pé 24/7. Tem que descer da viatura e caminhar em cada canto da favela. Manter uma presença permanente a toda hora no território. É assim que se pode reconquistar a confiança da população: estabelecendo com ela um contato direto, olho no olho. Quando nossos efetivos desembarcavam da viatura, aumentavam exponencialmente as comunicações nos radiotransmissores do tráfico, sinal de que nossa política de patrulhamento a pé lhes causava muita preocupação e restringia sua liberdade de movimento.
Uma diferença fundamental entre a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro e o Exército é o fato de que nós palmilhávamos o terreno 24/7. Sempre demos prioridade ao patrulhamento a pé. No entanto, os policiais tinham uma presença esporádica na via pública. Mal se conseguia ver uma viatura da PM no horário noturno.
MM: Para que focar tanto no patrulhamento a pé?
Escoto: A resposta é simples: para reestabelecer a ordem, você precisa saber quem é meliante e quem é cidadão do bem. Essa resposta está com o civil morador da favela. Somente ele pode te indicar quem é quem. Para conseguir essa informação, é preciso construir uma relação de confiança. Isso não é espontâneo. O único jeito de edificar esse laço com o morador é se locomovendo a pé, da mesma forma que o morador e no mesmo ambiente onde ele mora.
Não há melhor instrumento do que inteligência humana, ela ultrapassa drones, satélites etc. Andar de caveirão não adianta nada. Tem que descer do blindado e do jipe. O homem a pé tem o respeito por estar a pé no meio da população. Ele cria contato com o garoto e o morador. Ele dissuade o insurgente ou o bandido. Tem que ter pontos fortes, para instalar força de reação para emergência, mas tem que disseminar equipes que vão patrulhar o terreno o tempo todo. A inteligência humana nasce dos contatos feitos e das impressões acumuladas pelas equipes no terreno. Um grande aliado nosso é o Whatsapp. O informante se comunicava com a gente pelo Whatsapp.
Sem patrulhas ostensivas e ao alcance do morador, não se consegue nada. Tínhamos também gente infiltrada de forma clandestina dentro da Maré. Inteligência humana ostensiva, fardada, e os infiltrados.
Na Maré, inovamos ao instalar uma equipe de inteligência no nível da companhia [uma companhia representa 140 homens]. Isso aumentou muito a qualidade e a quantidade das informações em posse das forças de pacificação. Ao término de cada patrulha, os dados recolhidos eram centralizados e transmitidos ao oficial de inteligência, em nível de batalhão. Na realidade, essa medida foi inspirada por uma lição aprendida pelo exército americano tanto no Afeganistão quanto no Iraque. Os americanos recorreram a esse tipo de organização e eu li a respeito em 2010, na época da ocupação do Alemão. Imediatamente, resolvemos aplicar essa tática no Brasil, no Alemão primeiro, e mais tarde na Maré sob meu comando. Deu muito certo.
MM: A Maré caiu de novo no poder do tráfico quando o Exército saiu e o governo fluminense se recusou a cumprir a promessa de substituí-lo.
Escoto: Eu fico com pena da população da Maré. É gente boa, trabalhadora, honesta. Tem que se esconder em casa para evitar bala.
A esmagadora maioria da população da Maré é composta por pessoas decentes e trabalhadoras e dignas. Acordam às 4 horas para trabalhar no centro ou na zona sul. Elas não têm nada a ver com os criminosos que as mantêm mergulhadas no medo.
Interagi muito com lideranças comunitárias. Soube por elas que o tráfico exerce uma concorrência desleal à escola. Ele chama as crianças para atuarem de olheiros em troca de dinheiro. É muito difícil nessas condições convencer uma criança a voltar a estudar.
No Haiti, a pobreza é extrema. O comércio é fraco, a atividade econômica nos bairros é quase inexistente. Somente vendem frutas. Na Maré, pelo contrário, a economia local é muito dinâmica. Chega a impressionar. CDs piratas, lojas de material de construção, salões de beleza. Microempreendedores a cada esquina, com um ótimo senso de oportunidade e grande resiliência. Cabe ao governo estadual integrar esses agentes à economia formal. Há riqueza nas favelas, é preciso legalizá-la e conectá-la à economia formal. Ao contrário do que se pode pensar, as comunidades querem isso, perceberam que, tal como as coisas estão, perdem oportunidades como acesso a financiamentos e mercados.
MM: Existe um manual de contrainsurgência brasileiro ou latino? Não seria uma boa ideia para esclarecer os líderes civis e militares que querem atuar nas periferias das grandes cidades?
Escoto: Nos anos 1960 e 1970, o Brasil enfrentou sérias ameaças à segurança nacional. Houve guerrilha urbana e rural. As Forças Armadas enfrentaram essas ameaças e triunfaram sobre elas. Não se apoiaram em tropas ou conselheiros estrangeiros, ao contrário de outros países da América Latina. Óbvio que se inspiraram nas lições aprendidas em outros teatros, como Vietnam ou Argélia. Desses anos decisivos, as Forças Armadas tiraram ensinamentos valiosos. Uma doutrina própria.
No país do lado, a Colômbia, o estado não teve o mesmo sucesso que nós, e o resultado foi aterrador: cinquenta anos de guerra civil, décadas de estradas minadas, desenvolvimento econômico proibido e bilhões gastos em munição e equipamento militar.
Com a experiência no Haiti e o estudo permanente das operações de Garantia da Lei e da Ordem, o Exército elaborou o Manual de Operações de Pacificação. Ele abrange intervenções dentro do território nacional e no exterior.
No Rio de Janeiro, instalou-se o CECOPAB: Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil, certificado pela ONU. Funciona desde 2005 e já tem nome reconhecido mundialmente. Ele treina todas as classes de militar: soldado ou alto oficial. E recebe alunos e instrutores estrangeiros também. Nele, oficiais mantêm em dia as melhores práticas em termos de pacificação para todos os teatros onde as Forças Armadas atuam.
Os narcodesafios
MM: Gangues do tipo PCC, CV, TCP etc. são meros grupos delinquentes ou insurgentes?
Escoto: Os grupos criminosos que atuam no Rio de Janeiro não são atores insurgentes propriamente ditos. Têm zero agenda política, nem causa nem ambição de mudança da ordem social. A sua grande especificidade é que usam técnicas de insurreição. Buscam controlar territórios inteiros e transformá-los em santuários; dominam a população, suas idas e vindas; assediam as forças de segurança oficiais com emboscadas, procuram infiltrar-se nos órgãos do estado, sejam polícia ou prefeituras, para conseguir inteligência e influenciar as ações do poder legítimo etc.
Não existe ideologia nenhuma no tráfico de drogas. Eles não são insurgentes, mas usam técnicas, táticas e procedimentos de insurgentes. Não têm ideologia. A ideologia é o lucro.
Com a desmobilização das FARC, você tem dúvida de que muitos desses ex-guerilheiros vão conseguir emprego no PCC ou no CV? São cinquenta anos de guerrilha. Todo esse know-how pode ser exportado para o Brasil. A desmobilização das FARC pode contribuir para o agravamento do quadro da segurança pública no Brasil.
MM: Que tipo de ameaça o crime organizado representa para o Brasil e a América Latina?
Escoto: O problema mais sério da segurança pública na América Latina são as drogas. Nunca vi a prisão de um empresário do narcotráfico no Brasil. Matar ou prender traficante não adianta, é preciso atacar os empresários. Senão, corremos o risco de o nosso país ter zonas de exclusão totalmente dominadas pelo narcotráfico. Isso vem acontecendo no México faz anos. Durante minha estadia nos Estados Unidos, tive a oportunidade de visitar Fort Huachuca, no Arizona, uma base militar especializada em inteligência. Os americanos proibiam terminantemente aos seus funcionários civis e militares cruzar a fronteira rumo à vizinha Ciudad Juarez, no México. O lado mexicano era domínio completo dos cartéis.
O Brasil precisa de uma Lava Jato agora visando ao narcotráfico. Nunca vi ninguém preso nos apartamentos luxuosos da avenida Vieira Souto que fosse do topo da hierarquia do narcotráfico. Tem que pegar baleia, não adianta pegar peixinho.
O Brasil é hoje em dia o segundo maior mercado consumidor de cocaína no mundo. Isso dá uma ideia do tamanho da oportunidade aos olhos dos empresários que atuam no ramo. O Brasil é um grande mercado em si e uma plataforma para atingir outros países também. Há indícios de que cartéis mexicanos estão atuando na área da fronteira norte brasileira.
MM: Incursão na fronteira norte do Brasil? Isso é frequente?
Escoto: O Brasil possui 17 mil quilômetros de fronteiras terrestres, sendo 2/3 cobertos por ecossistema de floresta. Vigiar esse espaço é um desafio de todos os instantes. Não é possível proibir a entrada de elementos mal-intencionados. O que é essencial é expulsá-los imediatamente e interditar qualquer tentativa de se instalar no território nacional. Podem ser FARC, contrabandistas, traficantes de narcóticos ou de armas.
Na região da fronteira amazônica, o Exército mantém um constante patrulhamento a pé, por embarcações e em helicópteros, além de um sistema de inteligência bem estruturado. As incursões das FARC sempre foram rechaçadas.
MM: Não dá para fechar a fronteira? Dificultar o acesso?
Escoto: O Trump criou um escândalo com um muro para uma fronteira de 3 mil quilômetros com o México. A nossa tem 17.700 e dois terços são região de selva, totalmente permeável. Nem com todo o dinheiro dos Estados Unidos nós conseguiríamos construir um muro. Por isso que criamos o SISFRON [Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras].
Hoje o projeto estratégico de maior prioridade para o exército é o SISFRON. Um projeto grandioso e ambicioso que vai instalar sensores de todos os tipos, muitos software para coletar e integrar os dados, e atuadores, que são tropas, algumas na fronteira e outras mais distantes, que têm capacidade de reação rápida, como a Brigada de Infantaria Paraquedista.
Do ponto de vista tecnológico, acredito no papel essencial do drone, do satélite e, quem sabe, do dirigível para atender às necessidades do ambiente amazônico. O drone para observação, o satélite para comunicação criptografada e permanente em qualquer canto da selva e o dirigível por sua capacidade logística, de transportar grandes cargas e sustentar sistemas de telecomunicações. Mas nunca devemos nos esquecer de que a matéria-prima da segurança se chama inteligência humana. Esse bem é escasso; o único jeito de consegui-lo é com o pé no chão. Patrulhar a pé, engajar os índios, falar com as pessoas cara a cara.
MM: Uma vez detectada uma incursão, qual é a resposta?
Escoto: Na faixa fronteiriça, o Exército tem poder de polícia. Uma vez detectada a ameaça, o nosso país tem capacidade de reação rápida, uma delas sendo a Brigada Paraquedista sediada no Rio de Janeiro. Seus elementos são capazes de saltar na água do rio Amazonas, com armas e equipamentos, subir em botes e prosseguir para o local da missão. No ecossistema amazônico, os rios são as principais vias de transporte e comunicação, é por isso que nossos paraquedistas foram treinados para saltar na água. Poucos países têm essa capacidade.
MM: Qual o prazo de reação, no caso da Brigada de Paraquedistas?
Escoto: A vocação estratégica da tropa paraquedista brasileira na Amazônia é aquática, para saltar no ambiente fluvial. Há locais onde o rio Amazonas chega a uma largura de 20 quilômetros. Em 2013, treinamos e lançamos 140 homens sobre as águas do Rio Negro, com mochila, fuzil e suprimentos para uma operação.
Se decolarem do RJ, os efetivos podem chegar ao ponto mais afastado do Estado do Amazonas em 7,5 horas em aviões C-130 Hércules ou em 4,5 horas nos modernos aviões KC-390 EMBRAER. A distância de voo é igual a de Lisboa para Moscou, atravessando toda Europa. Isto significa que a Brigada de Infantaria Paraquedista consegue reforçar nossas tropas na fronteira com rapidez de intervenção. É uma tropa de elite com alta capacidade de dissuasão e elevada mobilidade estratégica.
Alto padrão (Bravo Zulu).
O General Escoto é o precursor da criaçäo de uma Empresa Militar Privada Brasileira (AQUILA) concentrando muitos militares da Reserva das Forças Armadas, de diversas especialidades.
Formidável a análise do Gen Escoto. Possui conhecimento do problema como poucos. Parabéns pela aula sobre a situação da segurança pública no Rio de Janeiro.
Militar muito conceituado, o Gen Escoto faz uma radiografia precisa do momento atual. Empregar as Forças Armadas na garantia da lei e da ordem não é a solução para a segurança pública. Mas elas estão e sempre estarão prontas para cumprir todas as suas missões constitucionais, inclusive esta. Não gosto do Exército envolvido nisso. Acho que devemos priorizar nossa preparação naquilo que SÓ NÓS podemos fazer… a DEFESA EXTERNA. Mas não sou pago para gostar. Onde quer que nosso Exército seja empregado, ele dará conta! Lendo a entrevista do experiente General, antigo instrutor, temos a certeza disso.
Boa tarde meu nome é João Pedro Bandeira e então aí eu pergunto porque não aproveitar homens com estas ideias e e colocar para exercer funções como Secretário de Segurança Pública secretário de operações nas prefeituras e botar para caminhar mas não, vemos aí as pessoas se candidatando por serem cantoras serem jogadores de futebol ,pessoas que caíram na mídia por acaso sem o menor perfil para exercer a função sem a melhor experiência sem nada, por isso que nós vamos continuar na lama Parabéns ao General Escoto, que mesmo estando na reserva permanece na luta para melhorar o país Comandos Força Brasil.
Excelente reportagem!
Gostei, desde a ambientação, quando o repórter apresentou o seu trabalho e o Gen Escoto.
Sou suspeito para falar, pois conheço o general e suas capacidades, além de acompanhar todas as operações, em especial a nossa Força de Pacificação na Operação São Francisco.
Os nossos governantes têm que acordar e se voltar para a proteção do nossos povo. Não podemos ficar à mercê dos bandidos. Da mesma forma, as nossas polícias e o nosso judiciário devem buscar a excelência, para responder à altura.
É digo mais: somente investindo em educação conseguiremos alcançar essa Vitória. Só que deverá demorar umas 2 ou 3 gerações, para que as pessoas possam ter certeza dos seus votos, dão seu trabalho e da possibilidade do legado que deixarão para seus filhos e netos.
Brasil acima de tudo!
Parabéns ao General Escoto e ao repórter por escolher alguém que fale de forma clara e sem rodeios e nem com termos evasivos comum entre pretensas autoridades.
A população merece o respeito das forças que descendo de suas viaturas vão perceber e influir melhor na realidade. A criminalidade merece que o golpe seja direcionado nos pontos vitais de suas estruturas que não se encontra nas favelas. A comparação com a ação competente e corajosa dos que deram a lavajato um papel inédito e histórico no combate ao crime é muito dequada
Uma excelente reportagem com um ator com a expertise necessária no assunto. Viveu intensamente o Comando da Brigada Paraquedista, tropa de elite do Exército Brasileiro, fato que pode ser constatado pelos ensinamentos históricos e geopolíticos apresentados no texto. Enquanto o Exército tiver militares deste nível a Nação terá certeza de que o sacrifício não será em vão.
Fui soldado dele quando ainda era capitão. Uma pessoa excepcional. Motivada demais, correta e super, mais que super preparada. Foi uma honra muiti grande ter sido comandado por ele.